Tivemos na campanha
eleitoral para Prefeito e Vereadores uma batalha acirrada com o menor elogio
que se possa atribuir. Ofensa mútua, numa lavagem de roupa suja, que parecia
exalar mau cheiro durante o debate. Diante da TV era insuportável assistir as
ofensas caluniosas, como se os debatedores fossem criaturas puras isentas de pecado
e pudessem atirar pedras no telhado dos outros sem olhar para os seus, que talvez
fossem de vidro e nenhuma agressão física suportaria. O que se viu, no geral,
foi uma disputa pobre de anseios. Uma campanha de nível inferior e nada mais.
Mesmo
com o transcorrer dos anos parece que nada de bom ficou gravado de pleitos
anteriores. Será que a democracia dos tempos hodiernos não foi capaz de
aprimorar a visão dessa gente, que
postula um cargo político, mas não se mostra com disposição plena capaz de
inspirar no cidadão de bem eleitor o gesto singular de confiança no voto pretendido.
Depois da votação no dia 7, parece que um gosto amargo de decepção ficou no
paladar sentimental de toda gente. Ninguém acredita mais em ninguém. Nas
promessas de planos mirabolantes, que são traçados no papel, mas que depois do
voto consumado, tudo fica esquecido. A amnésia toma conta de todos a um só tempo.
Que pena!
No
dia 7 do corrente todos foram votar. Como era esperada, a indecisão em quem dar
o voto estava nitidamente estampado na
maioria dos eleitores. Muitos votaram em branco e outros em candidatos
de menor expressão política do momento, o chamado voto de protesto como já
ocorreu em campanhas passadas. O interesse na apuração dos votos não suscitou a
curiosidade como se imaginava. Muitos eleitores foram refrescar o corpo e a
mente nos balneários vizinhos da cidade. Outros procuraram os sítios e fazendas
para uma higiene mental, ouvindo música e se deleitando da forma que melhor os
agradasse. Tomaram conhecimento da apuração final, quando os resultados foram
divulgados na mídia ou quando isso foi de sua plena vontade, tamanho era o desinteresse
da comunidade sofrida. Talvez reflexo de promessas passadas que não se
cumpriram. A verdade é que ninguém mais sabe em quem acreditar. É uma decepção
latente adormecida em cada cidadão.
Na
segunda feira, dia 8, a alegria se manifestou no semblante dos que foram
vencedores, com os argumentos de que houve lisura na campanha travada e o
amadurecimento político da comunidade que dela participou. Era festejo por onde
se passava, com o estampido ensurdecedor de foguetes que parecia não cessar.
Era natural que essa festança toda acontecesse, contagiando aos demais que
foram partícipes da batalha acontecida. E a festividade varou a madrugada, indo
até ao amanhecer do novo dia, na alegria pela vitória conquistada. Há os que
abusaram de bebidas alcoólicas, imprudência no trânsito e outros malefícios
decorrentes do excesso de motivação, trazendo-lhes as desagradáveis
conseqüências como era o esperado.
Aos
derrotados, surgiu o natural inconformismo, com comentários desabonadores de
que houve fraude durante a campanha, com compra de votos por debaixo dos panos,
e a prática de artimanhas, que derrotaram os menos aquinhoados monetariamente.
Houve candidato que reconheceu a derrota, fazendo ilação ao vencedor, lembrando
que cumprisse as promessas assumidas na campanha eleitoral que transcorreu. Um
reconhecimento da derrota de forma deselegante, de quem parece não ter se
conformado com a perda. E ainda fazendo uma citação desnecessária, “de que cada
povo tem o governo que merece.” Um refrão batido e tão conhecido por todos.
Caro
candidato derrotado é bom lembrar quem entra na chuva é para se molhar. Você
perdeu uma batalha, mas a guerra continua. Aprenda a receber com elegância
quando a vitória não lhe for favorável. Desta vez você foi vencido, mas
continue de cabeça erguida e de olhar franco, qualidades dignas de um cidadão
de bem, valoroso que em nada se deixa abater. O tempo passa rápido demais que
quase não percebemos. Não tenha dúvida que chegará sua vez de vitória, que lhe
será aclamada com toda honra de que é merecedor. Disso você vai se orgulhar
muito. Tenha paciência, porque tudo só acontecerá no tempo de Deus. Seja
prudente e espere com fé em nosso Criador. Não se exaspere, porque o tempo se
encarregará de tudo, fazendo lembrar o adágio: “que não há bem que sempre dure
e mal que nunca se acabe.”
Nossa
esperança é de que tudo venha melhorar para a nossa gente sofrida, que padece de
injustiça e de tanta coisa ruim que vem acontecendo. Toda mudança é válida,
principalmente quando se trata de gente nova, que vem com toda garra e a mente
vislumbrando de fúlgidos ideais. É bom que tenhamos fé e acreditar que nada
acontece por acaso na face da terra. Toda autoridade é de Deus, por isso
devemos acatá-la com o respeito de que é merecedora. Vamos aguardar com viva fé
no que de melhor possa acontecer nos quatro anos da nova administração que
norteará os nossos destinos. Vamos colaborar na obra que vai iniciar que deve
merecer o apoio de todos nós vencedores e vencidos. O novo tempo é de fé e
esperança. Sacudamos a poeira. Nada de mágoa. Nada de ressentimento. Temos que
prosseguir irmanados nos ideais de bem servir, de vida nova e profícuas
realizações. Esta é a nossa palavra de fé e esperança, que nos unirá
fraternalmente na senda do dever cumprido! “Eis que estou convosco todos os
dias até a consumação do século.” (Mateus 28.20).
Boa Vista – Roraima,
12 de Outubro de 2012.
Artigo de : Dr.
FRANCISCO DE ASSIS CAMPOS SARAIVA.