terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Poesia "Amor de um Rio" Por: Edvaldo Vilanova.


AMOR DE UM RIO

Foi deslizando nas suas águas meu gameleira
Que na minha infância, correndo na tua beira
Entre socos e pontapés de amigos, bola a jogar
E de cima das tuas verdes árvores ia me atirar

Para com tuas águas correntes, logo abraçar,
O desafio era subir, ao mais alto galho chegar,
Para lá de cima em disputa pular e despencar
Descendo por entre seus galhos sem asa voar

Pedindo a Deus que suas águas na enchente
Tronco oculto não trouxesse pra ferir a gente
Que nas águas turbentas não nos deixava ver
Mas batendo nosso corpo dava pra perceber

E sob forte tensão não poderíamos esquecer
A sova da mãe em casa ia mesmo acontecer.
Aprendi a lição e enorme emoção em nadar
Surfando no teu leito vi o prazer de te amar

Na esperança de melhores dias, eu te deixei
Morrendo de saudade no peito muito chorei
Plêiade de novos amigos ganhei, conquistei
Quando a te, felizmente sorrindo eu retornei
                                                                                                                        
Compreendi que teve na vida um choro maior
Pois o despertar da tua saudade foi bem pior
Que de tanto escorrer suas lágrimas secaram,
Quando as suas verdes árvores lhe cortaram,

Desmatando seus caminhos alongaram a areia  
Condenando o verde e matando a linda sereia
Que falava de amor e nos encantava na beira
Ao som estrépito de um remanso do gameleira

Hoje com toda surdez, não podeis mais escutar
A cor da aurora nas belas manhãs de inverno.
Restaram as lembranças de um lindo lugar
Sobrevivendo ardente resquício desse inferno

Seco, tórrido, quente e árido como o satanás
Que na sua satã maledicência, tanto mal faz.
Construindo na sofreguidão vida sem calma 
 Desencantando a fortaleza de nossa alma

Com a mudez mortal no silêncio da sereia
Que morreu falando de amor sob a areia.
A ti voltarei, correndo na tua beira a jogar,
Trombando e soltando árvore a semear

Até te ver sorrindo de novo a estrondar
E com muita água novo lago se formar.
Capaz de ver reflorir e o mundo colorir
Para que depois do choro volte a sorrir


Vilanova, Edvaldo de Alencar- Membro da Academia Longaense de Letras, Cultura,História e Ecologia –ALLCHE, cadeira 32.

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