Era madrugada e lá estava eu diante do Mestre para orar, sublimar, magnificar e bendizer o Seu Santo Nome, em agradecimento por tudo de bom que tem realizado em minha vida. Um gesto de fé em sua Santa Palavra: “Eu amo aos que me amam, e os que de madrugada me buscam me acharão.” (Prov. 8-17).
Pois tudo o que sou e o que tenho
é Obra Divina do meu amado Criador, que já me deu o livramento da morte tantas
vezes e do precipício fatídico em muitas outras. Por mais que busque não
encontro adjetivos a altura de agradecê-Lo. Em seguida veio minha manifestação
de fé pedindo bênçãos ao Senhor para o amigo que Ele me presenteou como dádiva
perene em minha existência. Pedro Henrique de Arêa Leão Costa, que nesta
sublime data está aniversariando, numa convivência harmoniosa com o semelhante
por 75 anos de vida exemplar dedicados ao próximo, em atos, palavras e atitudes
que o engrandeceram até os dias de hoje. Que maravilha! “Sendo os caminhos do
homem agradáveis ao Senhor, até a seus inimigos faz que tenham paz com Ele.”
(Prov. 16-7).
Parabéns, meu dileto amigo, pela sublime data que hoje
ver passar. E num repasse de memória, me transportei para os meados da década
de quarenta em que vivíamos naquela terra bendita de Alto Longá, na época, uma
pobre cidade carente de tudo no sofrimento de todos. Vivíamos isolados sem
estrada e sem abastecimento e a carência de sobrevivência era penosa a toda
prova. Todavia, existia irmandade, fraternidade e amor a Deus sobre todas as
coisas e os obstáculos paulatinamente iam sendo vencidos. À época éramos
crianças ativas que se empenhavam a todo custo pela melhoria de vida de nossa gente.
A luta era exaustiva e as dificuldades constantes. Como era difícil ganhar
alguns trocados para custear pequenas despesas de todo garoto que anseia:
Pirulito, chocolate, bombons, a broa, o pé de moleque e outras iguarias da
petizada da época.
Muitas recordações me vêm à mente daquele período
feliz e de muitos entraves ao mesmo tempo. No começo do ano já fazíamos nossas
previsões de conseguir, à duras penas, provisões para as despesas de final do
ano, época dos festejos de N. S. dos Humildes, a Padroeira de nossa cidade e
nas quermesses da Igreja e assim poder colaborar com os vendedores de novidades
que vinham de fora com muita dificuldade. Não era fácil. Apanhávamos o tucum no
mato e depois de preparado, vendíamos no depósito que negociava para
exportação. Algumas vezes fomos apanhar manga rosa no brejo de D. Marica, minha
saudosa Mãe, que fazia vista grossa quando oferecíamos a venda. Éramos crianças
ativas que lutavam para não ser dependentes de ninguém. Não era fácil numa
conjuntura difícil que à época apresentava. Alberico de Arêa Leão, irmão de
Pedro, tinha seu pequeno comércio. Algumas vezes ganhamos uns trocados para
limpar o depósito e deixar os pacotes de cigarro bem arrumados. As marcas da
época: Odalisca, Selma, Beverly, Iolanda, Lincoln e outras.
Gratas lembranças repassam em minha mente. Depois da
luta ingente e cansativa, no final do ano estávamos nós com o terno pronto de
linho irlandês branco, da moda, para ser usado no dia 31 dezembro, final dos
festejos da Padroeira. E com alguns trocados a mais para gastar na quermesse,
principalmente na banca do senhor Leovegildo, que sempre trazia novidades para
o povo da terra, nos deixando orgulhosos e felizes. Como era gostoso o pé de
moleque da Andresa, o bolo frito da Duquesa, a broa da Maria Vitorino, a
tapioca da Chiquinha, o cuscuz do Avelino, o manzape da Maroca, gasosa em cores
do Senhor Enche, o doce de goiabada fatiado em lâmina pelo Zacarias Magalhães
(Zaca). A fatia era tão fina que dava apenas para sentir o gosto e eu e o Pedro
não deixávamos de reclamar. A visita final era feita ao Leovegildo (o Leó), que
oferecia lembranças sugestivas, que presenteávamos as garotas de nossa simpatia.
Tínhamos, também, nossos momentos de traquinagem. Certa vez saímos pendurados
na trazeira do caminhão do Senhor Rafael, que era candidato opositor do Senhor
Pedro Mendes, em Beneditinos. O Chevrolet cara de sapo ia lotado de convidados
de Alto Longá para o churrasco que o mesmo oferecia naquela manhã em sua
granja. Um pleito acirrado a toda prova. À tardinha o caminhão nos trouxe de
volta para Alto Longá.
Narro algumas de nossas façanhas
para evidenciar melhor porque eu e o Pedro somos tão amigos, desde aquela fase
de tenra idade em nossas vidas. Hoje somos cidadãos de 75 anos de dadivosa
existência, porque “sabemos que todas as coisas contribuem juntamente pra o bem
daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto.” (Romanos
8-28). Há três anos fomos juntos conhecer as belezas naturais de nossa terra:
Delta do Parnaíba, Sete Cidades e outras e comer o capote com arroz, no Rei do
Capote, em Campo Maior. Estou me preparando, Pedro, para juntos fazermos um
repeteco daquele passeio que foi tão agradável. ”E conhecereis a verdade, e a
verdade vos libertará.” (João 8-32). Temos, ainda, sob as bênçãos de Deus, uma
longa caminhada a percorrer, que visa fazer o bem a todo aquele irmão carente
necessitando de ajuda, como determina a Lei do nosso Mestre: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a ti mesmo”.
Pedro
Henrique de Arêa Leão Costa é meu melhor e maior amigo. Casou-se com Walmira
Campos Saraiva Costa, minha inesquecível irmã e juntos construíram os alicerces,
base e edificação de uma família belíssima abençoada por Deus, cuja árvore
genealógica frutificou de forma esplêndida, com filhos belíssimos, netos
maravilhosos, bisnetos, nora e genros, que formaram um pedestal grandioso de uma
felicidade imensa que, hoje, em sua volta, com parentes, amigos e conterrâneos,
entoam louvores ao Soberano Pai pedindo pela volta plena de sua saúde e aquela
atividade cotidiana que lhe é peculiar. Receba o nosso abraço fraternal e
carinhoso desta família distante que o ama e estima de todo coração. Avante,
amigo, e muito dinamismo que o espera na estrada promissora que juntos
construímos. Deus está no comando de nossas vidas e nada poderá impedir nossas
atividades. A esposa Nevinha, os filhos, netos e toda a família reunida lhe
enviam carinhosa manifestação de apreço, júbilo e os votos de perenes
felicidades a você e aos entes queridos que estejam em sua volta. E sob as
benesses de Deus, a Walmira está entoando cânticos de alegria junto com a
sinfonia angelical, com que lhe rendem esta homenagem. Esta é a palavra de fé,
carinho e amizade deste irmão distante que muito o ama e estima. ”Fui moço, e
agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a
mendigar o pão.” (Salmo 37-25).
Boa Vista – Roraima, 15 de Abril de 2013.
Francisco de Assis Campos Saraiva. (Na foto, de camisa amarela.)
(Amigo de Pedro Henrique de Arêa Leão Costa. Na foto, de camisa branca, e foto preta e branca).
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