Oh, o Piauí! Esse pedaço do Nordeste que pulsa em cada palmo de chão, em cada riso caloroso de sua gente, que sabe acolher como poucos. Desde os banhos na Gameleira, onde a infância corria solta, até as tardes quentes de Teresina, capital que mistura modernidade com a simplicidade do interior. É uma terra campeira, que tem no seu coração a força do sertão, a resistência de um povo que se molda ao sol escaldante e à sombra das árvores frondosas, sempre dispostos a oferecer um pouco de conversa e um abraço apertado.
Em Alto Longá, a vida flui no compasso dos dias simples, onde a Fonte Frei Pedro, de águas cristalinas, guarda em suas margens lembranças de banhos refrescantes e celebrações. Diz a cultura local que ali, à beira dessa fonte, se deu a morte de um Frei que, mesmo depois de tanto tempo, permanece vivo nas histórias contadas por quem cresceu ao redor desse lugar sagrado. Frei Pedro é, assim, um ponto de encontro entre o passado e o presente, um refúgio onde as águas lavam o corpo e a alma, e onde as memórias fluem como o rio que atravessa as gerações.
Mas o Piauí é um gigante em suas riquezas. O Museu da Natureza, que guarda o legado do Homem Americano, nos transporta para eras remotas, onde vestígios contam de tempos imemoriais, lembrando que a nossa terra guarda segredos antigos, enterrados nas cavernas e nas pedras. E como esquecer Pedro II, a cidade da Opala? Um lugar onde as pedras preciosas brilham tanto quanto os olhares dos artesãos, que dedicam sua vida a lapidar com as mãos o que a terra esconde de mais precioso.
Há também o encontro majestoso dos rios Parnaíba e Poti, que formam um dos cenários mais icônicos de Teresina, onde as águas se entrelaçam, dando à cidade uma beleza singular, um símbolo de integração e de união que reflete a alma do povo piauiense. É na capital também que o Polo Cerâmico se destaca, onde a tradição se encontra com a arte, transformando o barro em peças que carregam a essência do nosso povo e das nossas raízes.
O litoral do Piauí, por sua vez, encanta com a brisa suave da Barra Grande, que embala as tardes preguiçosas, e com as águas do Delta do Parnaíba, que desenham caminhos sinuosos entre ilhas e mangues, criando um espetáculo natural que só o Piauí pode oferecer. De norte a sul, é uma terra quente, que aquece corpo e alma. Acolhedora como o abraço de quem sempre teve que superar as dificuldades do clima e da vida, mas que não perdeu a alegria de viver.
Celebrar o Piauí é celebrar essa gente, essa cultura vibrante que dança ao som do forró e das rezas, que se encontra nas festas de padroeiro, na tradição do Bumba-meu-Boi e nos serões de viola. É festejar a Universidade Federal do Piauí, a UFPI, essa casa do saber onde tive a honra de compor o quadro de docentes, contribuindo com meu grão de areia na formação de mentes curiosas e ávidas por conhecimento. É a UFPI que mantém viva a chama do ensino e da pesquisa, preparando novas gerações para compreender e transformar o mundo.
Hoje, como membro da Academia Teresinense de Letras e da Academia Longaense de Letras, Cultura, História e Ecologia, reforço o compromisso de manter viva a história e a identidade do Piauí. Essas academias são guardiãs da memória e das tradições, preservando e promovendo a riqueza cultural de nossa terra. E é em Alto Longá que se destaca a beleza e a força da mulher piauiense, representada por Antonia de Arêa Leão, a Primeira Miss Piauí. Uma mulher cuja elegância e garra simbolizam a essência do nosso estado, projetando sua beleza e sua determinação além das fronteiras.
Hoje, quando o Piauí celebra seu aniversário, eu me junto a esse coro de vozes que cantam o orgulho de pertencer a essa terra. Uma terra de histórias, de lutas, de esperança. Um lugar onde o calor do sol se mistura ao calor humano, onde o sertão encontra o mar, e onde a fé caminha lado a lado com a vontade de vencer. Parabéns, Piauí! Que cada dia seu seja um novo capítulo de orgulho e de conquistas.
Maryneves Arêa Leão
19.10.2024, Membro da Academia Teresinense de Letras e da Academia Longaense de Letras, Cultura, História e Ecologia.
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