Notícias da Cajuína através de Evaldo Freire. Essa História
também escutei a sua narrativa através de dona Saló e Dr. Heli Nunes,meus amigos.
A combinação de Poesia com Teresina, Cajuína e Caetano. Uma Arte!
Maryneves Arêa Leão.
Registros de Evaldo Freire:
“Acabo finalmente de ler, em 07/08/2012, n' O Globo (Coluna do Moreno) a explicação para a lindíssima "Cajuína", de Caetano, o poeta eterno que hoje completa 70 anos (que venham mais 70 anos)!”
Transcrevo a opinião:
“Sempre achei - pela beleza e ternura que inspira - que a canção deveria ser o hino de Teresina. E continuo pensando assim, apesar das razões tristes que a originaram...
Afinal, quem disse que não existe beleza na tristeza? ”
Evaldo Freire.
“Sempre achei - pela beleza e ternura que inspira - que a canção deveria ser o hino de Teresina. E continuo pensando assim, apesar das razões tristes que a originaram...
Afinal, quem disse que não existe beleza na tristeza? ”
Evaldo Freire.
Mais uma
exclusividade do "Baú do Moreno".
Agora é o próprio Caetano contando a origem da homenagem a Torquato Neto:
" Numa excursão pelo Brasil com o show Muito, creio, no final dos anos 70, recebi, no hotel em Teresina, a visita de Dr. Eli, o pai de Torquato. Eu já o conhecia, pois ele tinha vindo ao Rio umas duas vezes. Mas era a
primeira vez que eu o via depois do suicídio de Torquato. Torquato estava de certa forma, afastado das pessoas todas. Mas eu não o via desde minha
chegada de Londres: Dedé e eu morávamos na Bahia e ele, no Rio (com temporadas em Teresina, onde descansava das internações a que se submeteu por instabilidade mental agravada, ao que se diz, pelo álcool). Eu não o vira em Londres: ele estivera na Europa, mas voltara ao Brasil justo antes de minha chegada a Londres. Assim, estávamos de fato bastante afastados, embora sem ressentimentos ou hostilidades. Eu queria muito bem a ele. Discordava da atitude
agressiva que ele adotou contra o Cinema Novo na coluna que escrevia, mas nunca cheguei sequer a dizer-lhe isso. No dia em que ele se matou, eu estava
recebendo Chico Buarque em Salvador para fazermos aquele show que virou disco famoso. Torquato tinha se aproximado muito de Chico, logo antes do tropicalismo: entre 1966 e 1967. A ponto de estar mais freqüentemente com Chico do que comigo. Chico eu recebemos a notícia quando íamos sair para o Teatro Castro Alves. Ficamos abalados e falamos sobre isso. E sobre Torquato ter estado longe e mal. Mas eu não chorei. Senti uma dureza de ânimo dentro de mim. Me senti um tanto amargo e triste mas pouco sentimental. Quando, anos depois, encontrei Dr. Eli, que sempre foi uma pessoa adorável, parecidíssimo com Torquato, e a quem Torquato amava com grande ternura, essa dureza
amarga se desfez. E eu chorei durantes horas, sem parar. Dr. Eli me consolava, carinhosamente. Levou-me à sua casa. D. Salomé, a mãe de Torquato, estava
hospitalizada. Então ficamos só ele e eu na casa. Ele não dizia quase nada. Tirou uma rosa - menina do jardim e me deu. Me mostrou as muitas fotografias de Torquato distribuídas pelas paredes da casa. Serviu cajuína para nós dois. E bebemos lentamente. Durante todo o tempo eu chorava. Diferentemente do dia da morte de Torquato, eu não estava triste nem amargo. Era um sentimento terno e bom, amoroso, dirigido a Dr. Eli e a Torquato, à vida. Mas era intenso demais e eu chorei. No dia seguinte, já na próxima cidade da excursão, escrevi Cajuína. "
Jorge Bastos Moreno;
A letra -Cajuína
Caetano Veloso.
Existirmos a que será que se destina
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina.
Agora é o próprio Caetano contando a origem da homenagem a Torquato Neto:
" Numa excursão pelo Brasil com o show Muito, creio, no final dos anos 70, recebi, no hotel em Teresina, a visita de Dr. Eli, o pai de Torquato. Eu já o conhecia, pois ele tinha vindo ao Rio umas duas vezes. Mas era a
primeira vez que eu o via depois do suicídio de Torquato. Torquato estava de certa forma, afastado das pessoas todas. Mas eu não o via desde minha
chegada de Londres: Dedé e eu morávamos na Bahia e ele, no Rio (com temporadas em Teresina, onde descansava das internações a que se submeteu por instabilidade mental agravada, ao que se diz, pelo álcool). Eu não o vira em Londres: ele estivera na Europa, mas voltara ao Brasil justo antes de minha chegada a Londres. Assim, estávamos de fato bastante afastados, embora sem ressentimentos ou hostilidades. Eu queria muito bem a ele. Discordava da atitude
agressiva que ele adotou contra o Cinema Novo na coluna que escrevia, mas nunca cheguei sequer a dizer-lhe isso. No dia em que ele se matou, eu estava
recebendo Chico Buarque em Salvador para fazermos aquele show que virou disco famoso. Torquato tinha se aproximado muito de Chico, logo antes do tropicalismo: entre 1966 e 1967. A ponto de estar mais freqüentemente com Chico do que comigo. Chico eu recebemos a notícia quando íamos sair para o Teatro Castro Alves. Ficamos abalados e falamos sobre isso. E sobre Torquato ter estado longe e mal. Mas eu não chorei. Senti uma dureza de ânimo dentro de mim. Me senti um tanto amargo e triste mas pouco sentimental. Quando, anos depois, encontrei Dr. Eli, que sempre foi uma pessoa adorável, parecidíssimo com Torquato, e a quem Torquato amava com grande ternura, essa dureza
amarga se desfez. E eu chorei durantes horas, sem parar. Dr. Eli me consolava, carinhosamente. Levou-me à sua casa. D. Salomé, a mãe de Torquato, estava
hospitalizada. Então ficamos só ele e eu na casa. Ele não dizia quase nada. Tirou uma rosa - menina do jardim e me deu. Me mostrou as muitas fotografias de Torquato distribuídas pelas paredes da casa. Serviu cajuína para nós dois. E bebemos lentamente. Durante todo o tempo eu chorava. Diferentemente do dia da morte de Torquato, eu não estava triste nem amargo. Era um sentimento terno e bom, amoroso, dirigido a Dr. Eli e a Torquato, à vida. Mas era intenso demais e eu chorei. No dia seguinte, já na próxima cidade da excursão, escrevi Cajuína. "
Jorge Bastos Moreno;
A letra -Cajuína
Caetano Veloso.
Existirmos a que será que se destina
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina.
70 anos com Arte. Parabéns Caetano.
Confiram o Vídeo da Cajuína.
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