CARTA DE AMOR A
TERESINA. 160 ANOS.
Maryneves Saraiva de
Arêa Leão
(Historiadora.
Professora da UFPI e acadêmica da ALLCHE, Academia Longaense de Letras,
Cultura, História e Ecologia, facilitadora da Oficina Corpo, Mente, Emoção).
Hoje acordei com vontade de
escrever uma carta de amor, e o destinatário é Teresina. A cidade conhecida
como “Cidade Verde”, “Capital do Sol”, “Terra da Cajuína”, cidade de “povo
fervoroso”, gestada pelos planos do Conselheiro Saraiva e que no passo a passo
segue traçando o seu destino, pois quero declarar a minha admiração falando das
coisas que mais valorizo na cidade, falando das suas belezas e também, do
sentimento de outros teresinenses em relação à sua terra na celebração dos seus
160 anos.
A princípio, considero necessário
e importante falar sobre o responsável pela transferência da capital do Piauí para
Teresina (1852), Antonio Saraiva, conhecido como Conselheiro Saraiva. Cito uma
passagem da obra de Monsenhor Chaves, Obras Completas (Ed. 1998), na qual é
possível perceber pelas palavras do Conselheiro, uma convergência empreendedora,
uma visão de futura, entre o mesmo e os habitantes do Poti:
“Aproveitei esse ensejo e
convidei-os a edificar no mais belo e agradável lugar na margem do Parnaíba;
principiei-o a edificar por meio de subscrições, uma matriz, e o resultado de
tudo isso foi além de minhas esperanças, porque nunca acreditei que, em menos
de seis meses, estivessem em construção perto de trinta habitações e, ainda
mais, que o mesmo habitantes da Vila Velha que ali tinham elegantes casas, se
resolvessem a deixá-las para construir no novo local, hoje geralmente chamado
de Vila Nova do Poti, outros prédios ”. (p.25)
Na mesma obra, encontrei
ainda, uma parte em que ele destaca as
razões de escolher a Vila Nova do Poti para a sede do governo:
“é ela bem situada e a mais
salubre que é possível segundo a planta que mandou levantar; fica na posição de
tirar a Caxias todo o seu comércio com o Piauí, conseguindo-se, assim, a maior
vantagem da mudança; mais próxima da cidade de Parnaíba, pode servir melhor ao
desenvolvimento da navegação e gozar a capital do benefício do grande benefício
da facilidade de suas relações políticas e comerciais com a Corte e todos os
centros de civilização do Império”.
O processo de transferência
tem o seu marco em 15 de janeiro de 1852, quando a proposta de Saraiva é
vencedora através da maioria dos deputados. A partir daí, instala-se uma
assembléia de trabalho em primeiro de julho e, em 20 de julho é aprovada a lei
da mudança. Por ela, a Vila Nova do Poti alcança a categoria de cidade. E que
cidade!
Ressalto as palavras de
Monsenhor Chaves, considerando o fato
como uma “bomba” e, que se Saraiva estivesse permanecido no ambiente teria sido
vítima de atos agressivos e violentos, pois eram muitos os irritados e
inconformados; entre eles: oeirenses e parnaibanos, o que não lhe intimidou. Não
demorou, e de forma rápida tratou de
instalar as repartições para o bom cumprimento da administração pública,
marcando a história de Teresina com o 16 agosto, data oficial que através de
comunicação como presidente da província em 20 de julho de 1852, oficializou a
transferência da capital para a nova cidade de Teresina. E, em 24 de dezembro
em procissão solene seguindo do Poti Velho, acompanhada da imagem da padroeira
da cidade Nossa Senhora do Amparo é celebrada a primeira missa do galo na
referida Igreja. Um acontecimento respeitável, já que a construção da cidade se
deu de forma planejada e o marco zero é a Igreja Nossa Senhora do Amparo.
Feitas estas considerações
históricas, me vejo no tempo. Que tempo? De criança. Pois lembro-me da a Igreja
Nossa Senhora do Amparo; da Praça da Bandeira, em que havia árvores, animais e
brinquedos, e as pessoas transitavam com
muita tranqüilidade. Os passeios pela cidade eram muito comuns nesse tempo,
pois diferente de hoje, que o transporte é insubstituível, se tinha o hábito de
andar a pé. Andavam e andavam muito.
Hoje, 16 de agosto de 2012,
vi-me criança e relembrei de conversas sobre a vida da cidade que tive com
minha mãe, amigos e familiares. E então, passei a pensar no quanto Teresina é
uma cidade encantadora. Como é prazeroso poder passear por suas belezas, como o
encontro dos rios Poty com o Parnaíba, as capelas, igrejas, catedrais, bairros,
vilas e as suas comunidades. Além de conhecer o seu rico artesanato e a
culinária local.
O tempo passa, a cidade se reinventa e hoje,
completa 160 anos. Atualmente, um pólo de saúde, lugar de eventos marcantes,
tais como Encontro Nacional de Folguedos,
Salão do Livro do Piauí (SALIPI), Salão de Humor de Teresina, do Seminário da Família, Caminhada da Fraternidade, que
caracterizam nossa cidade como um lugar original.
Quero também lembrar que,
neste ano é comemorado o centenário do Acerbispo Dom Avelar Brandão Vilela.
Cito-o, por considerá-lo alguém muito importante para nossa cidade. Um homem
cheio de amor que deixou sua marca na educação e na espiritualidade da nossa
gente. Acredito que seu maior destaque como
Acerbispo tenha sido no Estado do Piauí, onde encontrou um lugar
propício para suas idéias, participou da criação da Rádio Difusora de Teresina,
na qual fez o programa diário Oração por
um dia Feliz, de profundo alcance;
atuou de forma expressiva na criação da Universidade Federal do Piauí,
assinando, inclusive, a ata de criação da instituição; ajudou perseguidos pela
ditadura, dentre outros feitos. E é por
isso que neste dia, eu não poderia deixar de mencionar alguém que tanto
fez por nossa cidade.
Agora, apresento a narrativa
de algumas pessoas que aceitaram a responder meu questionamento: “O que é mais
gostoso de fazer em Teresina?”. De Kledja Marabuco Lopes, colhi:
"O que eu mais gosto de fazer em
Teresina? - De amor? Reencontrar a família e os amigos. De gastronomia? - Pão
de Queijo do Seu Cornélio, Panelada do Cantinho do Jambo, Caranguejo no happy
hour, capote frito no Favoritos Comidas Típicas e Sorvete de Açaí mais sapoti
na Sorveteria Elefantinho. Tem mais? Tem... a lista continua! "
De Ticiana Area Leão: "Adoro comer no frango leste! a melhor
paçoca do mundooooo "
Segundo Suelen
Coelho: "Adoro sair pra passear com meu filho e meu marido e sair pra
comer também.
Adooroo".
Na opinião de Mary: "Gosto de ir ao encontro
dos rios curtir a Cidade com a natureza, especialmente, na convergência do rio
Poty com o rio Parnaíba, comer no restaurante flutuante, e passear pelas artes dos
oleiros e oleiras da Vila do Poty."
O depoimento de Marci: “Acredito
que em todos os cantos desta Cidade, é possível ver a beleza de Teresina, seja
em um grande ponto turístico, seja numa simples e pobre comunidade. Bom mesmo é
sentir a coragem, a luta, a fé e a simplicidade deste povo, isso é o que torna
Teresina bonita de verdade.”
Por tudo isso, manifesto
minha gratidão à terra da cajuína, de Saraiva, dos poetas e do povo simples e
trabalhador, com uma homenagem à cidade também cantada por Aurélio, Cinéas e
Erisvaldo Borges: “Minha Teresina eu não troco jamais [...]”, “A vida no teu
seio é mais amena, na doce calidez do teu amor[...]”.
“Teresa, eternizada
TERESINA”, parafraseando Tito Filho: “Teresina meu amor”.
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