sexta-feira, 28 de agosto de 2015

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Um Concerto para Teresina!!!Parabéns!!!163 anos!!!

Olá!!!Bom Dia!!!
Um concerto para Teresina!!!
O vídeo é da tv Assembleia!!!
Orquestra Sinfônica de Teresina!!!Talento!!!
Teresina,sua linda,163 anos!!!Parabéns!!!

BERIMBAU ME CONFIRMOU: a transcedentalidade dos afrosambas. Márlon Batista da Silva.

Olá!!!Bom Dia!!!Logo mais o artigo estará na íntegra de primeira mão no blog:www.piauiterraquerida41.blogspot.com.Até Já!!!BERIMBAU ME CONFIRMOU: a transcedentalidade dos afrosambas. Márlon Batista da Silva.

Uma pequeno trecho!!!

" Ao falar da criação de seu próprio gênero de samba, o que fica evidente é que Baden Powell percebe, assim como Vinícius, que “um bom samba é uma forma de oração” 12 . Foi até eu que dei uma levantada num tipo samba. É um samba mais escuro, mais negro, entendeu? Tem raízes mais negras. Tem um tipo de samba que é assim, o samba lamento. Tem um lamento muito profundo. Esse samba é que tem as raízes mais próximas ao Afro por causa do estilo do cântico, que vem dos cantos gregorianos. E os cantos gregorianos quem trouxe para o Brasil foram os jesuítas quando vieram catequisar os índios. Então isso tudo tem uma ligação muito grande.13 Realmente, dizer que algo é “afrobrasileiro” significa levar em conta toda a complexidade hibrida da formação brasileira. O destaque que Baden dá ao “lamento” remete a duas coisas. Em primeiro lugar a terrível condição à qual os negros foram submetidos no Brasil, e também a espiritualidade proveniente de sua cultura religiosa que, no Brasil, sempre esteve debaixo de olhares de reprovação, mas que jamais deixou de ser uma das matrizes mais fortes da cultura brasileira. Os Afrosambas são aqui então, sobretudo, uma forma de oração. As letras são, de modo geral, uma prece em torno do amor. O amor - tema inerente à obra de Vinícius - dito de maneira “derramada”, conceitual, em torno da mitologia dos orixás. Os ritmos e sons das músicas, por sua vez, nos remetem a ambientações das mais diversas, mas sempre nos envolvendo de uma atmosfera negra, de matriz africano-brasileira. Como quando na canção Iemanjá, por exemplo, vocais femininos tecem durante toda a música uma melodia ondulatória, “Iemanjá, Iemanjá”, que nos transporta para as ondas do mar14 . Construção diretamente ligada à mitologia iorubá, No panteão iorubá, Iemanjá era mãe de dez orixás. Ela tinha os seios enormes devido à amamentação de seus filhos, o que a deixava envergonhada. Chegou a pedir que seu esposo (Okerê) nunca a ridicularizasse por isso, mas certo dia, embreagado, ele a escarneceu. Magoada, ela fugiu carregando um pote com uma poção que seu pai lhe dera para momentos de perigo. Na fuga, tropeçou e acabou quebrando o recipiente que 12 Trecho da música Samba de Benção (composição: Vinícius de Morais e Baden Powell). 13 Disponível em www.youtube.com/watch?v=VUX0n--AOxA. Acesso em 02/07/2015. ECO, Humberto. Apud GRESSLER. Op. Cit., p. 241 14 HAUDENSCHILD, André Rocha L. A poética dos orixás nos afrosambas de Baden e Vinícius: por uma..."

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

O Negro na iconografia: retratos do Brasil escravocrata por Debret e Rugendas



 Por Anne Caroline Santos Nunes[1]


As imagens correspondem a uma forma de registrar a realidade, por meio delas pode-se documentar o homem, seu cotidiano, a paisagem e as transformações do espaço natural ou urbano. Durante o período colonial e até início do Império cabia aos desenhistas e pintores retratarem o dia-a-dia da sociedade em que viviam, através de litrogravuras que representavam o seu tempo. O Brasil oitocentista foi fartamente retratado por grandes pintores e desenhistas, como o francês Jean-Baptiste Debret e o alemão Johann Moritz Rugendas. Do homem à botânica, das etnias que construíam a Colônia aos animais que habitavam as suas florestas, tudo foi retratado por estes renomados desenhistas que viveram no Brasil durante alguns anos e publicaram seus exemplares de Voyage Pittoresque et Historique au Brésil e  Voyage pittoresque dans le Brésil, respectivamente. O presente artigo objetiva analisar o Brasil escravocrata durante o século XIX através dos quadros criados pelos artistas Debret e Rugendas e por meio disso, compreender aspectos da escravidão sob a ótica dos costumes, cotidiano e cultura observando a representação do negro na produção desses artistas neoclássicos.

Palavras-chave: Iconografia. Sociedade. Escravidão. Artistas-Viajantes.


Introdução

            Jean-Baptiste Debret e Johann Moritz Rugendas estão entre os mais importantes artistas a percorrer o Brasil no século XIX. Eles lançaram álbuns fundamentais sobre os costumes e os habitantes do país, que ficaram conhecidos como as Viagens Pitorescas. Seus quadros apresentam situações cotidianas da vida no Brasil oitocentista e além disso, retratam a etnografia dos povos indígenas e negros.
Jean-Baptiste Debret (1768-1848), pintor e desenhista nascido em Paris, integrou a Missão Artística Francesa, chegando ao Brasil em 1816, ao lado do arquiteto Grandjean de Montigny. A missão aconteceu por solicitação de dom João VI, sendo planejada por António Araújo e Azevedo, o conde da Barca. O objetivo da missão era, entre outros, organizar a criação da Academia de Belas Artes. Durante a época que esteve no Brasil, de 1816 a 1931, Debret, com os seus traços do neoclassicismo, retratou com detalhes históricos únicos o Brasil de então. Da corte portuguesa no país à corte instalada pelo proclamador da independência, dom Pedro I, nada passou despercebido na obra de Debret.
Quando retornou à França, publicou, entre 1834 e 1839, “Voyage Pittoresque et Historique au Brésil” (Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil), que documentava os aspectos do homem, da natureza e da sociedade brasileira. Não se limitou à sua excepcional habilidade como desenhista, também reunindo notas e organizando um vasto material sobre aspectos econômicos, políticos, sociais e geográficos. Como não se contentou em ser apenas um pintor oficial, Debret passou, paulatinamente, a registrar a vida nas ruas e nas casas da cidade do Rio de Janeiro. Percebendo que só as imagens não eram suficientes para explicar o que via, teve a decisão de escrever textos pra acompanharem as litografias.
O desenhista Johann Moritz Rugendas (1802-1858), nascido em Augsburg, chegou bem jovem ao Brasil, em 1821, vindo como membro da expedição do Barão de Langsdorff, cientista e diplomata russo.
No Brasil, Rugendas logo deixou a expedição e passou a viajar por sua própria conta, percorrendo de 1822 a 1825 várias partes do país, dedicando-se a retratar os mais variados aspectos da vida da nação que se formava depois da independência em relação a Portugal. Rugendas registra justamente o momento de transição entre o Brasil colônia e o Brasil nação independente. Os registros de Rugendas do cotidiano brasileiro formaram uma coletânea de cem trabalhos publicada em Paris, em 1835, sob o título de “Voyage Pittoresque au Brésil” (Viagem Pitoresca ao Brasil).
Em sua primeira passagem pelo Brasil, Rugendas pintou mais de 500 telas com motivos relacionados ao que observou em sua viagem. Retratou os índios, os negros, os brancos (na sua maioria, de origem portuguesa), a paisagem e os costumes locais. Sua obra tem enorme importância para o conhecimento da história do Brasil na época que ele o visitou, por retratar ruas, casas, igrejas e os motivos acima citados. Para o uso de toda essa documentação histórica seria imprescindível que o Brasil possuísse sua obra completa, que encontra-se espalhada pelo mundo em museus e coleções particulares, longe do acesso mais amplo do público.
As obras dos dois artistas diferem em alguns aspectos, uma vez que Rugendas faz um registro mais científico, com ilustrações de paisagens, aspectos da natureza, observações dos escravos, como também demonstra a fauna, a flora, os tipos físicos e a visão da cidade do Rio de Janeiro; enquanto Debret gostava de pintar a sociedade e seus costumes, a arquitetura, os hábitos diários da povo.
            É corrente que as obras de Jean Baptiste Debret e Johann Moritz Rugendas constituem importantes fontes e objetos de estudo para a produção historiográfica. É necessário identificar, a partir da iconografia e das descrições textuais que acompanham as estampas, o olhar dos artistas viajantes sobre o Brasil escravocrata, não tendo a preocupação central de realizar uma verificação da fidelidade do artista em relação a um suposto real, mas de perceber essas imagens e textos prioritariamente enquanto construções discursivas[2].
           
O olhar de Rugendas e Debret sobre a escravidão negra no Brasil

            Rugendas e Debret vieram ao Brasil na primeira metade do século XIX, momento em que em que a nação deixava de ser colônia para se tornar império. As estruturas internas estavam baseadas na produção agrícola voltada para a exportação e no trabalho escravo. Neste momento, há também uma efervescência cultural proporcionada pelas missões artísticas estrangeiras que chegaram ao país a fim de desenvolverem aqui atividades culturais. Economicamente, o Brasil colônia era dependente economicamente da Inglaterra, assim como a metrópole portuguesa, de quem herdou tal condição. Assim, mantinha relações comerciais desfavoráveis com a Inglaterra, vendendo-lhe matéria-prima a baixos preços e comprando seus manufaturados a preços exultantes. Quanto à sociedade dessa época, pode ser caracterizada como patriarcal e escravista.
            O escravo tornou-se a mão-de-obra fundamental nas plantações de cana-de-açúcar, de tabaco e de algodão, nos engenhos, e mais tarde, nas vilas e cidades, nas minas e nas fazendas de gado. Além de mão-de-obra, o escravo representava riqueza: era uma mercadoria, que, em caso de necessidade, podia ser vendida, alugada, doada e leiloada. O escravo era visto na sociedade colonial também como símbolo do poder e do prestígio dos senhores, cuja importância social era avalizada pelo número de escravos que possuíam.
A escravidão negra foi implantada durante o século XVII e se intensificou entre os anos de 1700 e 1822, sobretudo pelo grande crescimento do tráfico negreiro. O comércio de escravos entre a África e o Brasil tornou-se um negócio muito lucrativo. O apogeu do afluxo de escravos negros pode ser situado entre 1701 e 1810, quando 1.891.400 africanos foram desembarcados nos portos coloniais.
Nem mesmo com a independência política do Brasil, em 1822, e com a adoção das idéias liberais pelas classes dominantes o tráfico de escravos e a escravidão foram abalados. Neste momento, os senhores só pensavam em se libertar do domínio português que os impedia de expandir livremente seus negócios. Ainda era interessante para eles preservar as estruturas sociais, políticas e econômicas vigentes.
            Rugendas e Debret dedicaram ao negro a quase totalidade de seus quadros. A simples observação deles faz-se perceber o papel desempenhado pelos negros na sociedade da época.
Este elemento representava a principal força de trabalho em qualquer tipo de atividade.
Segue abaixo uma relação de algumas das pranchas desses autores, com as respectivas explicações sobre suas representações. Elas são apenas algumas diante da extensa obra de ambos e servem como forma de interpretar a escravidão, o cotidiano dos negros, seus traços, cultura e costumes.



                Não existem registros precisos dos primeiros escravos negros que chegaram ao Brasil. A tese mais aceita é a de que em 1538, Jorge Lopes Bixorda, arrendatário de pau-brasil, teria traficado para a Bahia os primeiros escravos africanos.Eles eram capturados nas terras onde viviam na África e trazidos à força para a América, em grandes navios, em condições miseráveis e desumanas. Muitos morriam durante a viagem através do oceano Atlântico, vítimas de doenças, de maus tratos e da fome.
Os escravos que sobreviviam à travessia, ao chegar ao Brasil, eram logo separados do seu grupo lingüístico e cultural africano e misturados com outros de tribos diversas para que não pudessem se comunicar. Seu papel de agora em diante seria servir de mão-de-obra para seus senhores, fazendo tudo o que lhes ordenassem, sob pena de castigos violentos.
Além de terem sido trazidos de sua terra natal, de não terem nenhum direito, os escravos tinham que conviver com a violência e a humilhação em seu dia-a-dia.
             O olhar de Rugendas sobre o tráfico de escravos é retratado na sua tela “Nègres a Fond de Calle”, segundo Rugendas (1940, p. 24)
Embarcam-se, anualmente, cerca de 120 000 negros na costa da África, unicamente para o Brasil, e é raro chegarem ao destino mais de 80 a 90 mil. Perde-se, portanto, cerca de um terço durante a travessia de dois meses e meio a três meses. Ao chegarem à fazenda, confia-se o escravo aos cuidados de um ou outro mais velho e já batizado. Este o recebe na sua cabana e procura fazê-lo, pouco a pouco, participar de suas ocupações domésticas; ensina-lhe também algumas palavras em português. E somente quando o novo escravo se acha completamente refeito das consequências da travessia, que se começa a fazê-lo tomar parte nos trabalhos agrícolas.

Em relação ao trabalho escravo nas plantações de café, Debret representou em algumas telas o cotidiano das tarefas nos cafezais, tal como os castigos praticados pelos feitores. Exemplificando isso há o quadro “Comboio de café seguindo para a cidade”, demonstrado a seguir.




                O café, produto conhecido no Brasil neste período há uns 60 anos, era algo lucrativo na província do Rio de Janeiro. Para uma produção de qualidade, era necessário um negro para cada mil pés de café. Suas tarefas eram tirar as ervas daninhas e limpar o tronco do musgo que nele crescia espontaneamente. Depois de colhido, socado e separado, o café era guardado em armazéns, ao abrigo da luz e da umidade.
Quanto ao transporte, era feito por escravos que carregavam sacos de 128 libras, com dois alqueires. Na tela, um capataz entusiasta canta e anima os carregadores. O primeiro é o porta-bandeira, que se distingue dos demais por um lenço amarrado a uma vara. A coluna/fila é guiada pelo capataz que se mune de um chifre de boi ou carneiro, como amuleto que alimenta a superstição e dá força aos negros transportadores.
            Em relação à cultura dos negros, Debret e Rugendas representaram festas, aspectos religiosos e práticas como a dança, capoeira e música.


                   Rugendas retratou a cultura dos negros e dos índios como poucos. Esta tela mostra a luta de capoeira utilizada pelos negros para sua defesa. Entretanto, esta luta tinha de ser disfarçada como dança para que as autoridades não os reprimissem. A maioria dos que a praticavam, se encontrava trabalhando nos centros urbanos, vendendo sua mão-de-obra e materiais produzidos nas fazendas de seus senhores. Esse quadro nos sugere uma forma de resistência dos negros à escravidão através da cultura. Segundo Freyre (2006, p.150-151),
Às vezes havia negro navalhado; moleque com os intestinos de fora que a rede branca vinha buscar. Porque as procissões com banda de música tornaram-se o ponto de encontro dos capoeiras, curioso tipo de negro ou mulato de cidade, correspondendo ao dos capangas e cabras dos engenhos. O forte da capoeira era a navalha ou faca de ponta sua gabolice, a do pixaim penteado em trunfa, a sandália na ponta do pé quase de dançarino e a do modo desengonçado de andar. A capoeira incluía, além disso, uma série de passos difíceis e de agilidades quase incríveis de corpo, nas quais o malandro da rua se iniciava como que maçonicamente. Os capoeiras correspondem a uma figura tão típica das cidades do Brasil quanto a do capanga ou a do cabra, dos engenhos das fazendas.

Com isso, percebe-se mais uma vez, que nem todos os negros trabalhavam no campo, como mostra a tela anterior, e que sua presença nas cidades era grande, assim como no campo. A capoeira fez parte de uma herança cultural trazida da África e que prevaleceu nas práticas culturais dos escravos, sendo incorporada ao decorrer dos séculos à cultura brasileira.




O catolicismo como religião dominante, imposta pela catequização e ideal colonizador da igreja contrarreformista, não cedia espaço à cultura do dominado para manifestar atos, mitos e ritos de origem. Sendo assim, os africanos e os seus descendentes do Brasil encontraram meios de sobrevivência religiosa e de resistência cultural, incorporando à sua religião imagens de cultos católicos de forma sincrética.
            Os festejos em louvor a Nossa Senhora do Rosário em grandes cidades brasileiras, até as cidades de menor escala, [...] “tem sua ascendência na cultura afrobrasileira e na história de resistência dessa população. Os valores próprios do sincretismo religioso, da oralidade, da culinária, da musicalidade são os elos próprios das populações escravas negras” [...] (MINAS GERAIS, 2012, p. 3). Sobre a perspectiva de Rugendas (1940, p.32),

 No mês de maio, os negros celebram a festa de Nossa Senhora do Rosário. É nesta ocasião que têm por costume eleger o Rei do Congo, o que acontece quando aquele que estava revestido dessa dignidade morreu durante o ano, quando um motivo qualquer o obrigou a demitir-se, ou ainda, o que ocorre às vezes, quando foi destronado pelos seus súditos. Permitem aos negros do Congo eleger um rei e uma rainha de sua nação, e essa escolha tanto pode recair num escravo como num negro livre. Este príncipe tem, sobre seus súditos, uma espécie de poder que os brancos ridicularizam e que se manifesta principalmente nas festas religiosas dos negros como, por exemplo, na de sua padroeira Nossa Senhora do Rosário. Às onze horas fui à igreja com o capelão e, não demorou muito, vimos chegar uma multidão de negros, ao som dos tambores. Homens e mulheres usavam vestimentas das mais vivas cores que haviam encontrado. Quando se aproximaram, distinguimos o Rei, a Rainha, o Ministro de Estado. Os primeiros usavam coroas de papelão, recobertas de papel dourado... As despesas da cerimônia deviam ser pagas pelos negros, por isso haviam colocado na igreja uma pequena mesa à qual estavam sentados o tesoureiro e outros membros da irmandade negra do Rosário, os quais recebiam os donativos dos assistentes dentro de uma espécie de cofre.


            Outro exemplo de representação da escravidão, feita pelos artistas-viajantes é referente às habitações que os escravos residiam. As senzalas eram espaços sadomasoquistas[3], divididos em dois ou três compartimentos (sala e quarto). Construídas precariamente, nas senzalas os negros dormiam em esteiras de taboa e cozinhavam em fogão de forquilha usando o trempe. Essas habitações também foram retratadas por Debret e Rugendas e através disso mostravam “habitações de tamanho diminuto, onde concentravam-se grande quantidade de escravos, localizando-se nas zonas mais precárias das cidades”. (FREYRE, 2006, p.269).


As senzalas representavam espaços de convivência, situadas próximo às casas-grandes ou chácaras para que os escravos estivessem sempre aos arredores dos senhores. Com a urbanização as senzalas foram substituídas por mucambos, que passaram a ter uma estrutura de taipa adaptada às condições da cidade. De acordo com Rugendas, em Viagem Pitorecas ao Brasil, “as cabanas dos escravos contêm mais ou menos tudo que neste clima pode ser considerado necessário. Por outro lado, eles possuem galinhas, porcos, às vezes mesmo um cavalo ou uma besta, que alugam com vantagem porque a alimentação nada lhes custa” (1940, p.37).
Quanto aos castigos sofridos pelos escravos, foram constantemente retratados na obra de Debret.


                O quadro retrata o açoite, prática de violência comum no período da escravidão. Observa-se o ambiente urbano, com grande quantidade de espectadores, membros da guarda municipal, além de outros escravos prestes a receber o mesmo castigo. No quadro, o carrasco é hábil ao arranhar a epiderme ao chicotear. Ele mesmo fabrica o chicote que é feito de 7 ou 8 tiras de couro secas e retorcidas. Para que o efeito fosse melhor era necessário trocá-lo, pois o sangue o amolecia e ele não produzia o efeito esperado. Do lado esquerdo do quadro, se encontram os condenados. Os escravos dos extremos estão cabisbaixos, pois um dos dois será o próximo. Do lado direito, deitados no chão, estão os negros que acabaram de ser executados, deitados para que não haja hemorragia e com fraldas sob os ferimentos para que as moscas não pousem e infeccione o ferimento.
Quanto ao executado, pode-se perceber seu caráter enérgico pois, apesar da dor que sente, tem forças para ficar na ponta do pé a cada golpe. Alguns condenados se mostram de caráter forte, pois sofrem toda a pena em silêncio.
O açoite era aplicado a todo escravo negro culpado de falta grave: deserção, roubo, ferimentos recebidos em brigas, etc. O senhor que requer a aplicação da pena obtém uma autorização do intendente da polícia, que lhe dá o direito de determinar o número de chibatadas, de 50 a 200, que podem ser administradas em 2 dias. O horário mais comum era entre nove e dez da manhã nas praça públicas, onde se localizavam os pelourinhos. Os castigados podiam ser devolvidos à prisão se o seu dono pagasse dois vinténs por dia com intuito de puni-lo ou esperar para ser vendido. Após sair do açoite, o escravo era submetido à lavagem das chagas com vinagre e pimenta para que não infeccionasse.
Diferentemente era tratado o negro que fosse descoberto chefe de quilombo. Este saia da cadeia carregando um cartaz escrito “chefe de quilombo”. Sua pena era de 300 chibatadas, divididas de 30 em 30, em diferentes praças públicas, para servir de exemplo e banir a vontade deles fugirem para quilombos. As execuções provocavam hemorragias, levando o negro a sucumbir em meio a ataques de tétano.
            Em relação a vida urbana, Rugendas e Debret retrataram a vida dos negros escravizados, seja a partir do trabalho, castigos, cultura ou situações cotidianas. A seguir, alguns exemplos de tela que retratam os escravos no ambiente urbano.


Nesta tela pode-se ver a movimentação do comércio no centro do Rio de Janeiro. Negros fazendo trabalhos diversos como a arte da marcenaria, da sapataria, da alfaiataria e, até mesmo, trabalhando como marinheiros e com vendas no geral.
Esses negros que iam para as cidades, eram obrigados a vender sua mão-de obra ou produtos das fazendas para em troca receberem dinheiro. Entretanto, esse dinheiro se destinava ao seu senhor, tendo o escravo uma pequena parcela de participação nesse capital. Ou ainda, muitos tinham a liberdade de vender sua mão-de-obra na cidade, na condição de pagar uma certa quantia em dinheiro para seu senhor. Era com essa renda que muitas vezes, poucos deles conseguiam comprar sua alforria.
              

            Debret, ao escrever sobre essa tela, relatou que esses curandeiros ficavam nas periferias das cidades, sendo solicitados por escravos forros, libertos ou foragidos, pois, os escravos das fazendas, quando enfermos, eram tratados pelo médico da mesmo.  Debret os considerava como charlatões, desprezando o conhecimento milenar e a cultura dos mesmos.
            Debret espantou-se com o número considerável de pequenas fábricas de sapatos no Rio de Janeiro, a tela seguir representa um desses estabelecimentos, tão comuns no Rio de Janeiro urbanizado. Na loja representada, um sapateiro português castiga o seu escravo com a palmatória, enquanto sua mulher, uma mulata, o espreita com prazer, ao mesmo tempo em que amamenta um bebê. À direita, outros dois escravos prosseguem, amedrontados, no serviço.


O primeiro aspecto que chama a atenção ao observar a cena exposta na tela é a extrema facilidade na qual consegue-se identificar os livres e os cativos. Isto se dá quase que única e exclusivamente pela cor da pele. De forma secundária, essa diferenciação é feita também pelo fato de que alguns negros servem, é o caso da negra que abana o casal, e de que os outros estão à disposição dos brancos para atender a qualquer situação ou solicitação que porventura surja.
A farta mesa devorada pelo casal é um ponto estratégico para refletir a desigualdade social existente na época. Segundo Debret, em sua obra “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, um jantar na casa de um pequeno ou médio negociante, como o que se vê na cena, era constituído de

uma sopa de pão e caldo gordo, chamado caldo de substância, porque é feita com um enorme pedaço de carne de vaca, salsichas, tomates, toucinho, couves, imensos rabanetes brancos com suas folhas, chamados impropriamente nabos etc., tudo bem cozido(...). Finalmente, o jantar se completa com uma salada inteiramente recoberta de enormes fatias de cebola crua e de azeitonas escuras e rançosas (tão apreciadas em Portugal, de onde vêm, assim como o azeite de tempero que tem o mesmo gosto detestável). A esses pratos, sucedem, como sobremesa, o doce-de-arroz frio, excessivamente salpicado de canela, o queijo de Minas (...). Se por um lado, a comilança e a farta mesa de jantar do negociante se repetia a cada dia, do outro lado, compunham a refeição dos negros cativos apenas (...) dois punhados de farinha seca umedecidos na boca pelo suco de algumas bananas ou laranjas. (...) é costume, durante o tête-à-tête (conversa a parte entre duas pessoas) de um jantar conjugal, que o marido se ocupe silenciosamente com seus negócios e a mulher se distraia com os negrinhos que substituem os doguezinhos (cachorros), hoje quase completamente desaparecidos na Europa.” (DEBRET, 1839)

Por fim, uma vez destacados os principais pontos da tela, pode-se chegar a conclusão de que além de patriarcal e escravista, os pilares da sociedade brasileira colonial estavam fundamentados no quesito desigualdade, e assim, nos cabe a importantíssima consciência histórica de que esta mesma configuração de sociedade, deixou enraizado este mal ainda não totalmente superado nos dias atuais. Se a cena de "Um jantar brasileiro" pintada por Debret, revela um aspecto que cotidianamente se repetia nos lares daquele período, Brasil a fora, aonde dois ou três saciavam a fome sentados a farta mesa servida por quatro, cinco ou seis famintos, não é difícil compreender porque que no Brasil atual as diferenças sociais são tão ruidosas que a sensação que se tem é de que numa reprodução contínua da tela de Debret, em proporções muito maiores, o Brasil nada mais é política, cultural e economicamente falando, que dois, três ou quatro sentados à fartíssima mesa, servida por um número incontáveis de famintos.
As obras de Debret e Rugendas retratam a completa atrocidade que representou o regime escravista através dos maus-tratos, desigualdade e péssimas condições de vida dos negros. Porém, apesar de todas as mazelas, mostram que o negro resistiu à escravidão por meio da cultura e do comportamento festivo, alegre e que tornou-se presente na formação do povo brasileiro, contrapondo-se a frieza portuguesa (típico dos europeus) e a timidez indígena.
           


Considerações finais

Com certeza, a história contada através da iconografia nos traz muito sobre os costumes e o modo de vida, tanto dos escravos quanto da aristocracia brasileira do século XIX. Os pintores, também conhecidos como repórteres da época, relatam festas da corte, religiosas e pagãs e também apresentam o cotidiano com toda sua complexidade e singularidade. Desta maneira, ensinam que a obra de arte, seja ela qual for, é um documento bem como interpretado segundo os valores e a moral da época em que foi produzida O que pode-se concluir é que ambos retrataram as formas, a beleza, a cultura, o trabalho entre outras categorias, a seu modo e que cada um contribuiu à sua maneira para a preservação da memória e história do Brasil.
            Debret e Rugendas em sua perspectiva de artistas-viajantes mostraram através de suas obras a escravidão no Brasil, ainda que a produção iconográfica possa partir de um olhar subjetivo do pintor, documentaram situações cotidianas, uma vez que a única de forma de expor a “realidade” ou a representação dela sob a perspectiva visual se dava através de pinturas, desenhos ou litrogravuras.
A escravidão foi retratada desde o tráfico negreiro, desembarque, trabalho no engenho, nas cidades, dança, religiosidade, moradias, violência, festividades, dentre outros aspectos. O negro aparece nessas obras com uma condição de protagonista, esvaindo-se a ideia até então da representação apenas da corte ou da nobreza pelos artistas.
A Missão Artística Francesa muda essa visão e insere o quadro social nas obras dos artistas, confrontando o classicismo vigente. Essas imagens são importantes subsídios para a historiografia, principalmente aquela que se destina ao estudo da formação do povo brasileiro, centrando-se na figura do branco, negro e índio, uma vez que Debret e Rugendas pintaram essa “tríade” e, além disso, analisaram com observações importantíssimas em textos (publicando em seus “Voyages pittoresque”), constituindo a interpretação visual e textual desses artistas-viajantes sobre o Brasil oitocentista.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BANDEIRA, Júlio. Debret e o Brasil: obra completa 1816-1831/Júlio Bandeira, Pedro Corrêa do Lago. Rio de Janeiro: Capivara Ed., 2008.

BOGHICI, Jean (org.). Missão Artística Francesa e pintores viajantes: França-Brasil no século XIX. Apresentação de Michel Oyharcabal. Rio de Janeiro: Instituto Cultural Brasil-França, 1990.

CAMPOS, Raymundo Carlos Bandeira. Debret: Cenas de uma sociedade escravista. São Paulo: Atual, 2001.

DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil. Tradução: Sergio Milliet; apresentação: Lygia da Fonseca F. da Cunha. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia Limitada / São Paulo: Editora da USP, 1989.

DEBRET, Jean Baptiste. O Brasil de Debret. Coleção Imagens do Brasil, vol. II. Belo
Horizonte: Vila Rica Editoras Reunidas Limitada, 1993.

FREYRE, Gilberto. Sobrados e Mucambos: decadência do patriarcado e desenvolvimento do urbano. São Paulo: Global, 16ª Ed, 2006.

MINAS GERAIS. Festa do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte. Belo Horizonte: IEPHA, 2012. Cadernos Temáticos.
RUGENDAS, J. M. Viagem Pitoresca Através do Brasil. ed: 2. São Paulo: Martins, 1940





[1] Graduanda do sétimo período do curso de Licenciatura em História pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).
*Artigo realizado para avaliação final da disciplina de Cultura Afro-brasileira sob orientação da professora Maryneves Saraiva de Arêa Leão. Produzido na cidade de Teresina – PI em 26 de junho de 2015.
[2] CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1988, p.23.
[3] FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala: formação da família brasileira sob o regime patriarcal. São Paulo? Global: 49ª Ed, 2004.

Quem Ama, Cuida!








quarta-feira, 19 de agosto de 2015

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Teresina Com Amor!


O ENSINO DE CULTURA AFRO-BRASILEIRA NA PERSPECTIVA ÉTNICO-RACIAL: UMA BREVE ANÁLISE DA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI por Murilo de Alencar Lucena

O ENSINO DE CULTURA AFRO-BRASILEIRA NA PERSPECTIVA ÉTNICO-RACIAL: UMA BREVE ANÁLISE DA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI [1]

Murilo de Alencar Lucena[2]









TERESINA – PI, JULHO DE 2015

A pluralidade cultural considera veementemente a valorização, e o respeito às diferenças. Não por acaso, o enfoque nas características étnicas, pautado por um largo movimento que deu ênfase a uma visão contrária à discriminação, baseadas, também, nas diferenças de classe, gênero, na sexualidade, e de um modo geral, nos aspectos individuais, e em grupo, como por exemplo, a estreita ligação quanto às crenças.
Estima-se que quase 12 milhões de negros africanos foram trazidos à força para trabalharem no continente americano, entre os séculos XVI e XIX. E este número pode ser ainda maior. A escravidão no Brasil não tardou, e já à luz dos primeiros passos da colonização, na segunda metade do século XVI – e até a segunda metade dos dezenove –, aproximadamente 6 milhões de negros desembarcariam no país para servirem como mão de obra escrava, desde às lavouras de cana-de-açúcar, até as plantações cafeeiras, abrindo uma das maiores janelas da diáspora africana.
Por razões evidentes – que têm a ver com a brutalidade com a qual a África viva foi arrancada dos africanos escravizados no exterior da África -, a imagem que se tem desse continente, elaborada carinhosamente pelo imaginário dos deportados, via de regra, foi uma idealização. Para preservar o rico legado ancestral que nos permitiu atravessar o horror de viver em estado de escravidão racial nas Américas por mais de quatro séculos, foi necessário idealizar essa África da qual tínhamos sido arrancados para sempre (MOORE, 2008, pág. 11 – 12).

As Leis 10.639/03 e 11.645/08 reflete a tentativa, ainda que breve, de uma autocorreção do estado brasileiro pelo silêncio histórico, em especial quanto às populações negra e indígena. Desde então, houve uma esquemática elaboração de programas educacionais capazes de contornar o débito deixado pelo ensino pertinente à História da África, seja no Ensino Fundamental, ou no Médio. Desta maneira, a alternativa de incentivar produções didáticas que trouxessem um debate mais pontual, e menos factual, da África, dentro do projeto pedagógico do ensino para as escolas públicas e privadas, permitiu diminuir o hiato quanto às questões étnico-raciais, tensionadas, anteriormente, pela carência de um material mais eficaz.
Durante o século XX intensificam-se as reivindicações e as demandas por educação pelos afro-brasileiros, através de suas organizações e representações politicas, intelectuais e culturais. Um dos grandes apelos à educação dos negros no Brasil veio a Frente Brasileira, a mais importante entidade negra da época, por sua duração, ações concretas realizadas e pela presença em diferentes estados brasileiros (FIGUEIREDO, 2007, pág. 117).

Desta maneira, a aplicabilidade das leis promulgaram a amplitude das temáticas extraídas através da influência dos povos africanos no Brasil, cuja ótica cultural – pela forma como suas tradições pontilharam a construção da identidade do povo brasileiro – pode ser trabalhada pelas disciplinas de Educação Artística, Literatura e História, dentre outros vastos campos de atuação, como a própria Antropologia. Isto implica afirmar que, a utilização do ensino de cultura afro-brasileira não se trata apenas da necessidade de trabalhar temas corriqueiros à temática do negro no papel de escravo – por exemplo –, mas definir em sala de aula parâmetros que deem fôlego à pesquisas, e sobretudo, que permitam ao aluno a reflexão das múltiplas culturas por meio de sua conjuntura, evitando sínteses ou sincretismos.
O Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais pretende transformar as ações e programas de promoção da diversidade e de combate à desigualdade racial na educação em politicas publicas de Estado. Antes, faz-se necessário uma sondagem prévia entre os professores do ensino público e privado, quanto ao acesso às leis, e por conseguinte, às diretrizes, pontuando a educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Esta relação poderá revelar dificuldades e, por sua vez, apontar novos panoramas que o docente precisa encontrar para uma melhor forma de abordagem das temáticas em sala de aula, dialogando com as diferenças e não apenas pelo viés estreito das raças.
A “raça” nos incapacita porque propõe como base para a ação comum a ilusão de que as pessoas negras (e brancas e amarelas) são fundamentalmente aliadas por natureza e, portanto, sem esforço; ela nos deixa despreparados, por conseguinte, para lidar com os conflitos “intra-raciais” que nascem das situações muito diferentes dos negros (e brancos e amarelos) nas diversas partes da economia e do mundo. (APPIAH, 1997: 245).

Todavia, é preciso considerar significativo tais desdobramentos dentro da política educacional brasileira, mais evidente, no quadro atual. O organismo antirracista dos movimentos sociais que, nos últimos anos têm alcançado amplitude cada vez maiores, permite tanto professores, quanto alunos, uma constante troca de vivências num processo que sai das ruas, e ganha facilmente o universo das escolas.
É a chance de reposicionar os sujeitos dentro do objeto de estudo, e dar-lhes vozes, assim como vez. Neste celeiro, as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e Ensino de Historia e Cultura Afro-Brasileira e Africana, vistas de perto pelo Governo – através do MEC[3] –, se pôs a fortalecer programas de formação de funcionários, gestores e outros, a fim de reforçar junto aos programas do livro didático, a inclusão dos conteúdos referentes às questões etnicorraciais dentro da história, bem como a pluralidade do ensino voltado, também, para a inclusão da temática indígena.
Dentro do aspecto de valorização do povo negro, podemos destacar a inserção de alguns artigos da LDB[4], cujo panorama destaca as políticas a serem adotadas dentro do cenário escolar, que são:
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá́ o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e politica pertinentes à História do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro- Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e Historia Brasileiras.
Art. 79-B. O calendário escolar incluirá́ o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’” (BRASIL, 2003).

Um princípio que se sobrepõe é quanto a consciência política e histórica de que, a igualdade humana, dentro das atividades dos direitos e deveres, deve conduzir à compreensão de que a sociedade é formada por um “conjunto de grupos étnico-raciais distintos, dotados de cultura e história próprias, igualmente valiosas e que, em conjunto, constroem, na nação brasileira, sua história” [ARANTES & SILVA, 2009]. Assim, podemos superar como iguais, a indiferença que ainda carrega o ensino da história no Brasil, quanto ao forte emprego que desqualifica os negros, tratados – juntamente com os povos indígenas – alheios às raízes da sociedade que se movimenta no hoje.
Nestes aspectos, lembramos que os vícios que desqualificam a ascendência dos povos, por exemplo, devem passar por algo mais do que um mero revisionismo amestrado, mas, sobretudo, por uma desconstrução analítica que preconize a crítica por meio objetivo, com o intuito de proporcionar uma ampla profilaxia dos velhos conceitos, ideias, comportamentos, e da ideologia arraigada ao branqueamento ainda perene.
Hibrida desde o inicio, a sociedade brasileira é de todas da América a que se constituiu mais harmoniosamente quanto às relações de raça: dentro de um ambiente de quase reciprocidade cultural que resultou no máximo de aproveitamento dos valores e experiências dos povos atrasados pelo adiantado; no máximo de contemporização da cultura adventícia com a nativa, a do conquistador com a do conquistado. Organizou-se uma sociedade cristã na superestrutura, com a mulher indígena, recém-batizada, por esposa e mãe de família; e servindo-se em sua economia e vida domestica de muitas das tradições, experiências e utensílios da gente autóctone. (FREYRE, 2005: pág. 160)

É interessante pensarmos na África, para além dela mesmo. Sua pluralidade é uma marca indivisível para a diversidade sociocultural do povo brasileiro, e para logo, um forte ícone na compreensão de toda a miscelânea de culturas que se formou a partir de então.
Já não se pode negar a importância da temática histórica atribuídas aos estudos de cultura afro-brasileira e africana na sala de aula e, por sua vasta repercussão na construção de parte da identidade presente na sociedade que a compõe. Por este princípio, ainda que breve, reafirmamos o caráter primordial da escola, sem a qual seria impossível incentivar ações no sentido de diminuir do preconceito, revertendo séculos de exclusão e ampliando o debate equilibrado entre as diferenças, pontuando – acima de tudo – qualidade e, no que tange a aplicação das leis, sua igualdade.
Mesmo existindo, por si só, as leis aprovadas em favor de uma educação mais plena, possibilite uma mudança radical à uma realidade como a nossa. É preciso consciência histórica para dialogar com o que os eixos que podem ser mudados a curto, e àqueles a longo prazo, considerando os pontos mais tênues entre os povos, centros para uma arrancada na busca pelo contorno da visão hierarquizada do ‘branco’, tendo o negro, assim como o índio, elementos inferiores.
Portanto, embora surgindo como uma janela, espero ter contribuído para um panorama que dissolva as políticas públicas em ações menos brandas, e que possam garantir – num futuro não muito distante – a efetiva inserção de um ensino mais próximo do público discente, bem como do próprio conhecimento dos docentes, ambos conscientes, é claro, da importância que a cultura afro-brasileira possuem dentro da história, e consequentemente, daquilo que lhe calça para encurtar as distâncias das desigualdades sociais, e educacionais, ainda latentes em nosso país. 


REFERÊNCIAS
APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai; A África na filosofia da cultura. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
ARANTES, Adlene Silva; SILVA, Fabiana Cristina da. História e Cultura Africana e Afro-brasileira: repercussão da Lei 10.639 nas escolas  municipais da cidade de Petrolina – PE. In: AGUIAR, Marcia Angela da S. (org.). Educação e diversidade: estudos e pesquisas. Recife: Gráfica J. Luiz Vasconcelos Ed., 2009. Disponível em https://www.ufpe.br/cead/estudosepesquisa/textos/adlene_silva1.pdf Acessado em 26 de junho de 2015.
BRASIL. Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília: DF, Outubro, 2003.
FIGUEIREDO, Otto Vinicius Agra. O movimento social negro no Brasil e o apelo à educação dos afro-brasileiros. In.: Conferencia Internacional a Reparação e descolonização do conhecimento. Salvador (Bahia): [UFBA]. Anais, 25-27 de maio de 2007. pág.117.
FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala, 50ª edição. Global Editora. 2005.
MOORE, Carlos. A África que incomoda; sobre a problematização do legado africano no quotidiano brasileiro. Belo Horizonte: Nandyala, 2008.






[1] Trabalho orientado pela professora Maryneves Saraiva de Arêa Leão Sousa, em Teresina – Piauí [04 de julho de 2015].
[2] Acadêmico do curso de Licenciatura Plena em História pela Universidade Federal do Piauí – 7º período. 
[3] Ministério da Educação.
[4] Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 

Artigo desenvolvido por Hellen Pabline com a temática: Cabelo Afro: uma questão de identidade afrodescendente...

Cabelo Afro: uma questão de identidade afrodescendente

Hellen Pabline Leal Conceição[1]



Se eu quero ‘pixaim’, deixa!
Se eu quero enrolado, deixa!
Se eu quero colorido, deixa!
Se eu quero assanhado,
Deixa, deixa, a madeixa balançar.
(Chico César – música: Respeitem meus cabelos brancos)


            Com o processo colonizador, alguns povos aportaram no Brasil, dentre eles os Africanos; com essas tribos vieram seus costumes, cores, religiões, e concepções estéticas como as múltiplas significações dado ao cabelo e seus penteados. Tribos essas menosprezadas pela posição imposta, em solo que veria a ser conhecido como Brasil, de negros e escravos. Assim, o cabelo também foi menosprezado, pois o parâmetro de beleza se configurou balizado pelo modelo europeu do “belo”.
            Com o passar do tempo lutas de contestação e de libertação podem ser observadas nas tramas da História, A Revolta dos Malês que aconteceu em Salvador-Bahia no século XIX é um exemplo disso. Posteriormente, a escravidão teve oficialmente seu fim, mas a sua obra discriminatória ainda permaneceu; agora a luta se configura pela busca dos direitos de igualdade racial e social. Tendo em vista esse contexto, grupos se ergueram para lutar por seus direitos de identidade, sobretudo a partir da década de 1960, momento efervescente para a História da humanidade decorrente das manifestações de várias espécies que aconteceram pelo mundo, levantando bandeiras como a da liberdade de expressão e de corpo. Muitos desses movimentos trouxeram contribuições significativas para grupos populares e para a cultura popular, aqui, inserindo-se uma maior valorização da cultura afrodescendente; “o novo movimento étnico, disseminado aqui (Brasil) nos discursos norte-americanos de moda e orgulho negro, ganhara força para desassociar o ideal de beleza negra do ideal branco, que até então dominava soberano, pregando cabelos lisos, longos e louros”[2], através das discussões sobre o assunto, pessoas se permitiram expressar seus traços próprios e originais.

Desde o surgimento da civilização africana, o estilo do cabelo era usado para indicar o estado civil, a origem da pessoa, a idade, a religião, a identidade étnica, a riqueza e a posição social. E em certas culturas, até o sobrenome de uma pessoa podia ser delatado pelo exame do cabelo, criando deste modo, formas únicas para cada clã. Além disso, um estilo particular de cabelo poderia ser usado para atrair a pessoa do sexo oposto ou como sinal de um ritual religioso (FAGUNDES, 2002).

            Mesmo que no Brasil as formas de se utilizar o cabelo não tenham características tão marcantes quando as Africanas, ainda assim é relevante o ideário e significação que socialmente se dá ao estar “arrumado”. O cabelo ganha uma atenção especial nesse ideal de conduta social e o que podemos observar é o papel importante que a sociedade possui na significação dada à cultura afrodescendente, o que acaba desembocado no cabelo afro, um dos maiores símbolos de identificação cultural.
           
O cabelo é um marcante indício de procedência étnica, é um dos principais elementos biotipológicos na construção da pessoa na cultura. O negro quando assume o seu cabelo de negro assume também o seu papel na sociedade como uma pessoa negra. E ser negro no Brasil e no mundo, convenhamos, é ainda um duro caminho trilhado por milhares de afro descendentes (apud LODY, R. 2004, p.125).

            A escola, nesse contexto, apresentasse como um ambiente importante para se analisar a formação da identidade que começa a se estruturar na infância e que tem na adolescência sua fase mais marcante. Fica evidente que é no espaço escolar que infelizmente acontecem os mais diversos tipos de preconceitos, dentre eles, o preconceito racial é nítido. “No Brasil já existe a lei de nº 10.639, de nove de janeiro de 2003, que inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a Obrigatoriedade da temática ‘História e Cultural Afro-Brasileira’”[3], porém essa lei é pouco exercitada na escola pública, já que coloca a escola “como instituição social responsável pela transmissão e socialização do conhecimento e da cultura”, tratada na maior parte das vezes apenas de forma tangencial em sala de aula, não cumprindo efetivamente com as propostas norteadoras que são apresentadas nos PCN’s.
           
A ideologia eurocêntrica ainda está enraizada na postura pedagógica de muitos educadores, sendo da mesma forma transmitida para seus alunos, submetidos ás crenças e aos valores da cultura branca dominante, na interiorização de estereótipos de forma inconsciente (GOMES, 2002).

Podemos encontrar uma dificuldade ao lidar com esse tema diante da própria postura dos educadores em relação a essa temática, os educadores não se aceitam com o cabelo afrodescendente. Encontramo-nos aqui em um impasse, como eles poderão transmitir conceitos da etnia negra, as representações negras da sociedade, os seus valores, se eles mesmos não expressão uma auto aceitação, sobretudo quando o assunto é seu cabelo naturalmente crespo? Essas questões são presente e significativas, e muitas vezes não damos a devida atenção. Construímo-nos por meio do corpo, corpo esse que é construído biológico e culturalmente na História. Esse paralelo, o corpo natural e o corpo simbólico, nos constitui enquanto indivíduos. Por isso não podemos esquecer que essas duas áreas convivem simultaneamente, nossas funções e comportamentos biológicos, como o sono, fome, o desejo sexual, são culturalmente construídas e significados. E foi essa comparação dos sinais do corpo negro (tipo de cabelo, cor da pele, formato do nariz, boca) com os traços brancos europeus, naquele contexto colonial, que serviu como argumento para uma padronização de beleza e fealdade que nos acompanha até hoje. “O cabelo tem sido um dos principais símbolos utilizados nesse processo, pois desde a escravidão tem sido usado como um dos elementos definidores do lugar do sujeito dentro do sistema de classificação racial brasileiro”[4]. A discussão desse padrão culturalmente construído é questionada nas escolas de forma substancial?
A experiência do negro com o cabelo começa muito cedo, engana-se quem pensa que as primeiras experiências de rejeição do cabelo afro iniciam-se com os processos de alisamentos. É muito comum, na infância, os pais fazerem tranças para “domar” o cabelo. Desde tenra idade, a criança é ensinada que os cachos volumosos precisam ser contidos, já que destoa tanto do padrão liso rende à cabeça. Muito comum, em seguida, a tentativa de contê-los por meio de instrumentos como secador e prancha de alisar. O processo de alisamento, depois de certa idade, principalmente em torno da pré-adolescência, se torna constante na vida de muitas garotas como tentativa de “ajeitar” o cabelo. E o ditado “para ser bonita, tem que sofrer” é internalizado, e aceito como uma condição que precisam suportar para alcançar a satisfação estética. Muitas empresas tiram proveito disso na criação de fórmulas químicas, fazendo propagandas milagrosas em que o cabelo crespo é transformado em liso. É nessa perspectiva empresarial de um cabelo dito como perfeito, o cabelo liso, que o lucro é cada vez maior no emprego da produção de alisantes.
Teóricas feministas que discutem questões raciais, fontes interessante para tomar conhecimento da discussão, inclusive para a própria reflexão do educador, debatem sobre as questões de gênero e cor, e podem ser facilmente conhecidas por meio de redes social como o YouTube. Cito como importante ícone desse debate Chimamanda Ngozi Adichie que nasceu em 15 de setembro de 1997 em Enugu, Nigéria; foi o quinto de seis filhos. Seu pai trabalhou na Universidade da Nigéria, e foi o primeiro professor de estatística da Nigéria. Sua mãe por sua vez, foi a primeira secretária do sexo feminino a trabalhar na mesma instituição. Chimamanda concluiu seus estudos secundários na escola da Universidade. Estudou medicina de farmácia por um ano. Aos 19, Adichie partiu para os Estados Unidos para assim concluiu seus estudos diante de novas oportunidades educacionais. Ganhou uma bolsa para estudar comunicação na Universidade de Drexel, Filadélfia. Seguiu estudando licenciatura em comunicação e ciências políticas, fez mestrado em estudos africanos, e depois de 2001, completou seu mestrado em escrita criativa. Em 2011-2012 foi premiada com bolsa de estudos pelo Instituto Readcliffe de Estudos Avançados, da Universidade de Harvard.
Escritora de muitos romances publicados tem como títulos Hibisco Roxo, de 2003, que mostra através da protagonista como a religiosidade extremamente “branca” e católica de seu pai, um rico industrial, inferniza e destrói lentamente a vida de toda uma família; Americanah, de 2013, Adachie parte de uma história de amor para debater questões presentes e universais como imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero; já Meio Sol Amarelo, de 2006, enfeixa várias pontas do conflito que matou milhares de pessoas, A Guerra de Biafra, em virtude da guerra, da fome e da doença. Como uma das publicações mais recentes temos Sejamos todos Feministas, de 2014, que nada mais é do que a versão impressa da Palestra que ela concedeu a uma tv americana, cujo vídeo está facilmente disponível no YouTube; nesse ensaio, Adichie parte de sua experiência pessoas de mulher e nigeriana para pensar o que ainda precisa ser feito de modo que as meninas não anulem mais sua personalidade para serem como esperam que sejam, e os meninos se sintam livres para crescer sem ter que se enquadrar nos estereótipos de masculinidade.
            Hoje já é possível ver na mídia uma maior atenção ao cabelo crespo. Já é possível ver o negro representado em propagandas, produtos capilares próprios para cabelos crespos, e a internet se mostra como um importante veículo de discussão sobre questões de gênero, africanidade e identidade. No YouTube podemos encontrar vários Vlog (canais que depositam vídeos sobre determinados assuntos ou assuntos variados), cujas administradoras se reconhecem como “cacheadas”. Nesses canais, é depositado vídeos que trabalham várias questões sobre questões capilares, como transição capilar, auto aceitação, dicas de hidratação, entre outros assuntos. Este se mostra como um meio interessante de valorizar a estética negra, tendo em vista que os vídeos estão disponíveis para serem visualizados por qualquer pessoa. Essas “cacheadas” trabalham bem a valorização dos cachos e crespos, se transformando em meios preciosos de informação, pois “muitas vezes as pessoas são preconceituosas por causa da desinformação. Elas precisam ser reeducadas”.
            Nesse contexto, o cabelo e a cor da pele podem sair do lugar da inferioridade e ocupar o lugar da beleza negra, assumindo uma significação política. O cabelo, os significados do corpo negro são históricos, e da mesma forma que são construídos, suas definições podem ser questionadas. O corpo negro, e junto com ele toda a cultura que o representa, vem ganhando lugar na contemporaneidade, mesmo que de forma ainda tímida, pelas leis, mídia televisiva, propagandas e redes sociais. O mundo conectado permitiu uma maior informação sobre a questão, permitindo também um novo olhar, um olhar de valoração aos traços de uma cultura tão rica e bela, como é a cultura africana. 

REFERÊNCIAS

BRASIL, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais: História e Geografia. Brasília, MEC/SEF, 1997.


BURKE, Peter. A Escrita da História: Novas Perspectivas. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1992.


COUTINHO, Cassi Ladi Reis. A estética dos cabelos crespos em Salvador. 2010. 107 p. Dissertação (Mestrado) – Departamento de Ciências Humanas, Universidade do Estado da Bahia, Bahia, 2010.

FAGUNDES, Raphaela M. Penteado Afro: Cultura, Identidade e Profissão.


FÉLIX. Sayara de Brito. Cabelo Bom. Cabelo Ruim: a construção da identidade afrodescendente na sala de aula. In: Revista África e Africanidades – Ano 3 – n. 11, novembro, 2010 – ISSN 1983-2354.


GOMES, Nilma Lino. Corpo e cabelo como símbolos da identidade negra. Acesso: < http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2012/10/Corpo-e-cabelo-como-s%C3%ADmbolos-da-identidade-negra.pdf>


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SCOTT, Joan. Os usos e abusos do gênero. 2012.


SOIHET, Rachel. PEDRO, Joana Maria. A emergência da pesquisa da História das Mulheres e das Relações de Gênero. In: Revista Brasileira de História. São Paulo: ANPUH, 2007.


QUEIROZ, Teresinha de Jesus Mesquita. Mulheres Plurais. In: Do Singular ao Plural. Recife: Edições Bagaço, 2006.


QUINTÃO, Adriana Maria Penna. O que ela tem na cabeça? Um estudo sobre o cabelo como




[1] Graduanda em Licenciatura Plena em História pela Universidade Federal do Piauí-UFPI. Artigo feito como atividade da disciplina Cultura Afro-Brasileira. Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência-PIBID. Teresina-PI, 2015. Email: pablinecx@hotmail.com
[2] FAGUNDES, Raphaela M. Penteado Afro: Cultura, Identidade e Profissão.
[3] FÉLIX. Sayara de Brito. Cabelo Bom. Cabelo Ruim: a construção da identidade afrodescendente na sala de aula.
[4] GOMES, Nilma Lino. Trajetórias escolares, corpo negro e cabelo crespo: reprodução de estereótipos ou ressignificação cultural?